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sábado, 1 de outubro de 2011

Resenha: Não Me Abandone Jamais

O filme Não me Abandone Jamais, dirigido por Mark Romanek e escrito por Kazuo Ishiguro, relata a história de clones criados para serem doadores de órgãos.


O início do filme mostra um colégio interno, na Inglaterra, onde crianças cresciam com um único intuito: ao alcançarem a adolescência, doariam seus órgãos. A princípio, os alunos não sabiam o real propósito de serem “crianças especiais” (palavras da professora da escola).
O auge da trama acontece no momento em que os adolescentes se apaixonam e resolvem pedir o adiamento da doação para poderem viver um pouco mais, pois muitos não chegam à terceira cirurgia. Cena tocante em que aflora a interpretação dos atores, em que palavras são desnecessárias, pois elas se encontram nas entrelinhas e tudo é dito pelo olhar.
Nesse momento, começa, por parte do espectador, um dentre vários questionamentos: eles não são seres humanos? Não têm o direito de ter uma vida “normal”? Os personagens não demonstram indignação com a realidade, e sim uma passividade diante do destino próximo.
A ética com certeza é um dos pontos mais importantes do filme.  A conduta dos médicos está correta em relação aos clones? Há o respeito ao próximo? Em que momento é permitido o término de uma vida para o início de outra? Ou os clones são apenas máquinas? Assunto complexo no qual predominam as perguntas, mas faltam as respostas.
Podemos ressaltar o papel da escola no filme, uma vez que esta deveria ser um espaço para se criar cidadãos inseridos em sua sociedade, capazes de dialogar, questionar, refletir. Essa instituição escondia os seus alunos do mundo até o momento das doações. Eles eram tolhidos de seus direitos de cidadania em prol de uma conquista científica.
Atuação brilhante tanto das crianças, que representam a fase inicial, quanto dos atores que fazem a fase adulta. Um filme sensível, delicado, mas que incita muitas discussões.

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